As adaptações anatômicas e fisiológicas são normais em uma gestação, entretanto, podem provocar algum tipo de desconforto. Algumas dessas alterações podem ser minimizadas com medidas posturais simples, mudança no comportamento ou no estilo de vida.
A maioria das alterações fisiológicas ocorridas no período gestacional são resolvidas após o término da gravidez, sem nenhum prejuízo para a mulher. Abaixo está listado algumas alterações no organismo materno, durante o período da gestação:
- Útero: Já no primeiro trimestre, começam a aparecer modificações no útero. Ao final da gravidez ele pode aumentar de volume cerca de 500 a 1000 vezes.
- Vagina: A secreção vaginal pode estar aumentada, isso se deve ao aumento da vascularização e à maior atividade glandular. O pH é mais ácido.
- Vulva: Pode se apresentar com a coloração violácea. A pele do períneo adquire intensa pigmentação ao longo da gestação.
- Mamas: No início da gravidez, a partir de 5 a 6 semanas, as mamas aumentam de volume, e tornam-se dolorosas e túrgidas. Observam-se o aumento de veias logo abaixo da pele e o aumento da pigmentação dos mamilos. No segundo trimestre acontece o sinal de Hunter e os Tubérculos de Montgomery. Após os primeiros meses de gestação, pode-se observar a formação do colostro. Com o crescimento exagerado, surgem as estrias gravídicas, consequência do estiramento da pele.
- Boca: Pode ocorrer edema e sangramento das gengivas que se acentua no segundo trimestre da gestação. Pode ocorrer aumento da salivação.
- Estômago e esôfago: Com o aumento do útero ocorre o deslocamento do estômago, o que retarda o esvaziamento gástrico facilitando o surgimento de azia e refluxo gastroesofágico.
- Intestino: Devido ao aumento de progesterona, ocorre o retardamento do trânsito intestinal e pode provocar constipação intestinal, especialmente no último trimestre. Hemorroidas são comuns, aparecendo como resultado da constipação intestinal, da vasodilatação periférica e do aumento da pressão nas veias retais por compressão da circulação de retorno.
- Vesícula biliar: A vesícula biliar mostra esvaziamento lento (consequência da ação da progesterona sobre a musculatura lisa), favorecendo a formação de cálculos de colesterol).
- Náuseas e vômitos: Ocorre predominantemente no primeiro trimestre, embora mais raramente podem continuar durante toda a gestação.
- Bexiga: Com o crescimento uterino a bexiga altera sua posição, essa mudança de posicionamento diminui a capacidade residual levando a maior frequência de micções.
- Ganho de peso: O aumento é atribuído ao útero e ao seu conteúdo(feto, placenta, cordão umbilical, líquido amniótico, etc.), crescimento das mamas, volume sanguíneo e líquido extracelular, etc.
- Pressão venosa: o útero comprime as veias pélvicas e cava inferior, dificultando o retorno venoso sendo responsável pelo surgimento de edema nos membros inferiores, varizes vulvares e hemorroidas, iniciando no segundo trimestre a avançando com a gestação.
- Retenção de água: é comum observar edema nos membros inferiores, principalmente no final do dia.
- Pele e cabelo: a hipersecreção das glândulas sebáceas decorrente da ação de progesterona torna a pele da grávida mais oleosa, facilitando a queda de cabelo e o surgimento de acne. Devido aos hormônio a pigmentação da pele pode estar aumentada (importante cuidar com a exposição ao sol). A linha Nigra é uma pigmentação de cor preto-acastanhada na linha média do abdome resultante da ação estimulante dos hormônios. O cloasma é uma mancha acastanhada na face consequente à estimulação dos melanócitos.
Cloasma gravídico - Estrias gravídicas: consequente ao estiramento da pele, podem aparecer principalmente no abdome, mamas, glúteos e coxas.Na gestação costumam ser avermelhadas e após esbranquiçadas.
Estrias gravídicas - Varizes: são comuns devido a compressão da circulação de retorno, surgem nos membros inferiores e região perineal.
- Sistema respiratório: Sofre algumas modificações para suprir a necessidade aumentada de oxigênio. As gestantes podem sofrer algum grau de restrição respiratória pelo levantamento observado do músculo diafragma no último trimestre de gestação.
Linha Nigra |
Bibliografia:
Sérgio H. Martins-Costa,José Geraldo Lopes Ramos,José Antônio Magalhães,Eduardo Pandolfi Passos,Fernando Freitas. Rotinas em obstetrícia. Porto Alegre. 7º ed. Artmed. 2017